Lost in [PT] Translation (#2): Casablanca, to tell, and the many meanings of “contar”

Casablanca is one of my favourite films; it has everything I like in a motion picture: a good story, mixing both the personal and the social; strong performances, a great score, and a really strong sense of self – the assured direction doesn’t waste any time setting the table for the story, from the first frames about the escape route from occupied France to Casablanca (and onwards onto Lisbon, which was used by refugees as an escape route into America; even though Portugal was ruled by an authoritarian, fascist leader – António de Oliveira Salazar – the country remained neutral in World War IIto the last shot of the plane flying above and Rick’s famous “I think this is the beginning of a beautiful friendship.

A few weeks ago, while I was re-watching it (I recorded it a few years ago in my TV cable box during a rerun on RTP2, the culturally-inclined channel of Portugal’s national public television and radio provider, RTP, so I can watch it whenever I want) I noticed a particularly interesting line which felt perfect for this segment!

It comes at a very sensitive time in the film, during which (SPOILER ALERT IF YOU HAVEN’T SEEN IT) Ilsa (Ingrid Bergman) and Rick (Humphrey Bogart) have an argument about why she didn’t leave with him from occupied Paris. She starts explaining him her life when she started living in Paris, including how she met Victor Laszlo (Paul Henreid), a member of the Czechoslovak Resistance, and fell in love with him. Rick cuts the conversation short, ending it on a very sour note with the following lines:

Snippet of the Casablanca script (source: Vincent’s Casablanca).

Continue reading

EP words of the week (#124): pais / avós / tios

Hoje, o Words of the Week/Palavras da Semana traz-vos um grupo de nomes plurais ligados à família, e que são relevantes por utilizarem referentes diferentes para formar o plural, i.e. o nome que é escolhido para formar o plural de um casal (heterosexual, logo de género misto) não tem um padrão definido.

Por exemplo, a palavra [os] pais é utilizada para se referir a um pai e uma mãe (equivalente ao inglês parents)¹ ou, mais recentemente, a dois pais. Quando nos queremos referir a duas mães (quer sejam um casal ou não), utilizamos esse mesmo nome.

Continue reading

EP word of the week (#123): postar

Novos tempos trazem sempre nova terminologia, palavras e expressões que ajudam a explicar melhor o mundo em que vivemos dando sentido a novos conceitos e ideias.

A grande maioria dos neologismos originados na Era da Informação trazida pela Internet e pela World Wide Web são provenientes do inglês, especialmente no que diz respeito a termos técnicos associados às novas tecnologias (existe uma maior variedade de origens, por exemplo, na adoção de palavras ligadas a aspetos culturais que se difundiram através da Internet). Um desses exemplos é a utilização da palavra post para fazer referência a um artigo único presente num sítio da Internet ([o] website).

children-internet-practices-post-image-300x300

Continue reading

EP word of the week (#122): Ufa!

É sempre muito engraçado perceber que uma palavra ou expressão numa língua pode ter um significado totalmente diferente noutra; acho que essa é uma das grandes vantagens de descobrir mais línguas, sítios e culturas: conhecer novas realidades e perceber que são tanto as semelhanças como as diferenças nos tornam interessantes para os outros torna interessantes.

A palavra que decidi escolher para esta semana é Ufa!, que em português é uma expressão de alívio, uma interjeição que pode ser utilizada assim que terminamos uma tarefa difícil ou demorada, ou quando chegamos a casa depois de um longo dia de trabalho (tal como na imagem abaixo). Indica a remoção ou alívio de qualquer situação de stress ou dificuldade, algo que nos faça suspirar e ficar feliz por ter acabado. Em inglês, o equivalente seria Phew!, que por certo muitos de vocês também conhecem bem.

Continue reading

EP word of the week (#121): À grande e à francesa

Tantas são as expressões idiomáticas formuladas a partir de um qualquer estereótipo nacional, que por qualquer razão entra e se enraíza na língua de tal maneira que muitos o proferem sem sequer conhecerem os sujeitos em causa!

Independentemente de os franceses terem a vida mais facilitada do que os portugueses ou não (por vezes durante a nossa história recente foi difícil não sentir isso ou ver essa diferença expressa de forma evidente, em particular através dos milhares tornados centenas de portugueses que emigraram para França desde a década de 60 do século passado; nem todos passaram a viver melhor – ou demoraram algum tempo a afastar-se da pobreza e da discriminação que infelizmente por vezes assola os recém-chegados – mas a ideia de querer viver noutro dia já diz muito da ideia que se tem dele, mesmo que não seja totalmente verdade), uma dessas expressões é à grande e à francesa, que tem o sentido de “abundantemente, com luxo, ostentação, pompa.” [1] 

Um patinho de borracha estereotipado a viver (e comer) à grande e à francesa.

Continue reading

EP word of the week (#120): dinossauro

Hoje, 1 de outubro de 2017, é dia de eleições autárquicas em Portugal. Isto significa que os portugueses são chamados às urnas para votar nos dirigentes das suas autarquias locais (incluindo os presidentes de Câmara e das Juntas de Freguesia); estas eleições ocorrem de quatro em quatro anos – a última antes desta teve lugar a 29 de setembro de 2017, e como todas as eleições em território nacional têm lugar a um domingo (para permitir a mobilização dos membros das mesas de voto e dos votantes sem afetar os horários de trabalho da maioria da população, que normalmente não trabalha no fim de semana).

Mas o que é que a palavra [o] dinossauro tem que ver com este processo? Bom, por comparação com os dinossauros pré-históricos (como o tiranossauro Rex), utiliza-se esta expressão para os líderes autárquicos (locais) que ficaram a cargo dos seus respetivos concelhos (municípios) / freguesias durante várias décadas (Portugal instaurou este regime do poder local com a Constituição de 1976, e alguns dirigentes locais estiveram mais de trinta anos no poder até uma lei do início desta década ter interdito o número de mandatos consecutivos a três, i.e. doze anos seguidos).

Os dinossauros autárquicos. Foto da revista Visão , aquando das últimas eleições autárquicas, nas quais muitos dos antigos dinossauros foram impossibilitados de concorrer devido à entrada em vigor da Lei de Limitação de Mandatos).

Continue reading